Marcou e assistiu na estreia pelo SC Braga: «Achava que podia entrar só para tocar na bola e dizer que joguei»
/ Futsal
10-04-2025 16:46

«Bora, miúdo! Vais entrar». Não sabemos se terá sido realmente assim, apenas nos limitamos a imaginar. Acreditamos, contudo, que o teor da conversa de {COACH_LINK|3908|Joel Rocha} e {PLAYER_LINK|1075461|Afonso Vieira} possa ter passado por algo do género. Vamos já descobrir. Aos 17 anos, o ala fez a estreia pela equipa sénior do {TEAM_LINK|6555|SC Braga}, na vitória frente ao {TEAM_LINK|98852|Lusitânia dos Açores}. Menino da casa, fez toda a formação no clube desde 2019, depois de ter trocado a relva pela quadra de madeira envernizada - bem sabemos que não é sempre assim, hoje em dia, mas gostamos de viver na versão mais romântica da modalidade - e o piton pela sola rasa. Como qualquer menino da formação, Afonso também carrega no corpo o sonho de lá chegar. Lá, à equipa principal, onde estão os crescidos, as figuras que servem como referência. Carrega? Carregava. Tudo mudou na passada sexta-feira. «Já tinha acontecido ter sido convocado para um jogo, mas fui para a bancada. Continuei a treinar com a equipa sénior e soube que ia ser convocado. Depois soube, no dia, que ia para a ficha. Não fazia ideia se ia jogar ou não», contou ao zerozero. Não havia certezas, mas havia a expetativa de que o jogo pudesse correr de forma a que o sonho se tornasse realidade. Expetativa, ainda assim, bastante reduzida: «Sabia que se o resultado desequilibrasse muito, poderia ter uns minutinhos, mas nunca tive a ideia de jogar o tempo que joguei. Achava que podia, se estivéssemos a ganhar por boa margem, entrar ali no último minuto só para tocar na bola e dizer que joguei.» Acompanhámos o jovem no reviver da véspera de jogo. «Da última vez foi um orgulho estar convocado, mas nunca tinha sentido a sensação de estar no banco. No último dia de treino, o mister disse que ia estar convocado. Os convocados fazem todos o aquecimento e antes do aquecimento é que ele [Joel Rocha] diz quem é o jogador que não vai [a jogo]», revelou-nos. Ainda não havia garantia, portanto, de que era desta. Mas foi. Afonso Vieira foi mesmo chamado para a ficha de jogo. E se não jogasse, não havia problema. «Passaram-me mil coisas pela cabeça. A sensação é muito boa. Já era um sonho estar ali ao lado deles, no banco, a viver o jogo com eles e a experienciar um jogo da primeira liga», contou-nos. Uma só regra: sem medo Segunda parte. Os minhotos aceleraram o ritmo e os golos surgiram em catadupa. O 2-0 com que o jogo chegou ao intervalo disparou para 5-0 num abrir e fechar de olhos. Criou-se o cenário perfeito. «Quando começámos a ampliar a vantagem, o {PLAYER_LINK|133871|Tiago Brito} disse-me para começar a aquecer, que se calhar ia ser a minha estreia», disse-nos Afonso. E depois... aconteceu. «O Joel falou comigo, os meus colegas também me ajudaram muito. Disseram-me para entrar sem stress, para aproveitar a experiência e levar tudo tranquilo. E o principal: para não ter medo de arriscar e jogar, para mostrar tudo o que podia valer.» Assim foi. Meia dúzia de minutos em quadra, um golo e uma assistência, para além de várias ações bem sucedidas. Impacto imediato, sonho concretizado e difícil seria imaginar melhor. «Vai fazer sete anos que estou no clube e sempre foi um sonho chegar à equipa A, mas nunca pensei que ia marcar um golo, fazer uma assistência e jogar o tempo que joguei na minha estreia. Foi melhor do que sonhei», afirmou. Minuto 37, o primeiro momento impactante: Afonso Vieira recebeu na ala, rodou sobre {PLAYER_LINK|1523919|Matheusinho} e ofereceu o 7-0 a {PLAYER_LINK|662619|Ricardo Lopes}. No minuto seguinte, o internacional português devolveu a gentileza. «Quando marquei... Eu ia para um lado, ia para o outro. Nem estava à espera de marcar. Só bati na camisola, olhei para a bancada, gritei. Não sabia como festejar nem para onde olhar. Diziam-me para olhar para a câmara e fazer um festejo, mas nem sabia o que fazer», recordou. Na bancada, a família, orgulhosa, a assistir de perto. «Sempre souberam do meu sonho de jogar pela equipa A do SC Braga. Mais do que ninguém, eles sabem que estou há tantos anos no clube e que era um sonho. Foi melhor do que sonhava. Sempre lhes disse que só queria estrear-me, nem precisava de marcar ou assistir. Quando aconteceu... Foi ainda melhor», contou. O momento foi do jovem Afonso e ninguém, absolutamente ninguém quis que fosse de outra forma. «No final do jogo, os meus colegas empurraram-me para a frente da bancada. Sempre fui bem recebido por eles, sempre me deram dicas para me ajudar. Só tornou tudo ainda melhor», atirou. Entre esses colegas, a maior referência: «Tenho muitas referências, mas desde que comecei a treinar com a equipa sénior que é o Tiago Brito. É um capitão como poucos, uma pessoa impecável e sempre disposta a ajudar. Tem um espírito de liderança muito bom.» O telemóvel ainda não parou de tocar, mesmo quase uma semana depois. «Ainda toca. Já passaram alguns dias, mas ainda toca. E a sensação depois de chegar a casa... Nem consegui dormir», confessou. É hora de desfrutar, mas de pés assentes na terra. O futsal é a paixão, mas há também um curso para finalizar e uma licenciatura para começar. «Quero continuar a focar-me no futsal, mas também na escola. A vida não depende só do futsal. Estou a acabar o meu curso profissional de desporto e quero seguir para a universidade, em desporto, e conciliar o futsal», finalizou.
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